Publicado em: 21 de setembro de 2023 Atualizado:: setembro 21, 2023
O presidente da Câmara Municipal de Jucás, no interior do Ceará, Eúde Lucas (PDT), afirmou que o autismo é curado “na peia” e “na chibata”. O vereador citava, na sessão desta quarta-feira, 20, o caso da atriz e cantora Letícia Sabatella, que revelou ter sido diagnosticada tardiamente, aos 52 anos, com transtorno do espectro autista (TEA).
Lucas afirmou que teve o transtorno na infância, mas disse ter sido curado por seu pai a partir de agressões físicas. “Tem uma declaração que os artistas, os autores, sei lá… Está rondando. Eu digo ‘eu era autista’, só que meu pai tirou o autista na peia. Naquele tempo tirava autista era na chibata, porque era um menino meio traquina”, disse o presidente da Câmara de Jucás.
Autismo é uma condição permanente, que não tem cura. Não há dados exatos sobre o tamanho da população com o transtorno no Brasil. O Centro de Controle e Prevenção da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou, em 2018, que uma em cada 44 pessoas tem a condição no mundo. No Brasil, isso equivale a cerca de 4,8 milhões de pessoas.
Em uma entrevista concedida ao programa Fantástico, da TV Globo, no último domingo, 17, Sabatella disse que descobriu tardiamente ser uma pessoa com TEA. Segundo a atriz, que relembrou ter tido dificuldades para se socializar na infância e adolescência, o diagnóstico foi uma “experiência libertadora”. “Traz alívio pra quem passa a vida se achando diferente e incompreendida”, disse.
A reportagem procurou o vereador Eúde Lucas, mas ainda não obteve retorno.
O que é o transtorno de espectro autista?
De acordo com o Ministério da Saúde, o transtorno de espectro autista é um “distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, interferindo na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento”. É comum a pessoa ter reprodução de ações repetitivas, hiperfoco para objetos específicos e uma restrição de interesses.
Normalmente, a suspeita inicial do TEA ocorre na infância, por meio de consultas na Atenção Primária à Saúde (APS). Porém, assim como no caso de Sabatella, o diagnóstico do transtorno pode ser feito em todas as etapas da vida. Não existe uma cura, porém a descoberta permite o desenvolvimento de práticas para estimular a independência e a promoção da qualidade de vida dessas pessoas
Fonte: Gabriel de Sousa/Estadão