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PF seguiu rastro da propina da Odebrecht até marqueteiro de Gleisi

Publicado em: 1 de maio de 2018 Atualizado:: maio 1, 2018

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, detalhou, em denúncia apresentada nesta segunda-feira (30), a rota identificada pela Polícia Federal entre o departamento de propinas da Odebrecht e empresa responsável pela campanha da senadora Gleisi Hoffmann em 2014. A presidente nacional do PT, o ex-presidente Lula, os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo, e o empresário Marcelo Odebrecht foram acusados de lavagem de dinheiro e corrupção. A peça acusatória destaca que a investigação feita pela autoridade policial coligiu muitos documentos, apreendidos por ordem judicial de busca e apreensão (como planilhas, e-mails), inclusive mediante quebra de sigilo telefônico, requeridas pelo Ministério Público Federal. A denúncia narra que R$ 5 milhões saíram do departamento de propinas da Odebrecht para a campanha de Gleisi, dos quais R$ 3 milhões foram registrados junto à Justiça Eleitoral. Dentro do valor declarado, Raquel diz que R$ 1,8 milhão são correspondentes a lavagem de dinheiro – despesas que efetivamente não foram realizadas. A denúncia expõe que Gleisi fez, em datas próximas aos supostos repasses, 13 ligações para o delator da Odebrecht, Benedicto Júnior, o BJ. Seu chefe de gabinete, Leones DallAgnol, também fez outras quatro ligações e enviou mensagens de texto ao celular do executivo. Paralelamente aos contatos, a procuradora-geral destaca que o departamento de propinas da Odebrecht providenciava os pagamentos via doleiros. Dados do Drousys, sistema de contabilidade das vantagens indevidas da empreiteira, dão conta de datas dos repasses a endereços de marqueteiros de campanha de Gleisi. “É que, ao lado da planilha47(fl. 429), consta anotação de entrega para pessoa de nome BRUNO, telefone 11 986080551, no endereço da rua Gomes de Carvalho, 921, 5° andar, São Paulo/SP, e ainda as iniciais FM, C/FM, e-mail, que relacionam a planilha a Fernando Migliaccio, executivo da Odebrecht responsável pela implementação do pagamento da propina.” O endereço na Gomes de Carvalho é o da empresa Sotaque, que fez a campanha de Gleisi. Em depoimento no âmbito das investigações, o publicitário Oliveiros Domingos Marques Neto afirmou que chegou a ser pago com R$ 1,1 milhão pelos serviços de campanha, e que não chegou a ter em mãos os R$ 3 milhões declarados a ele por Gleisi no TSE. Oliveiros disse que conseguiu receber R$ 170 mil e a promessa de parcelamento do restante dos R$ 2 milhões e que com a deflagração da Operação Lava Jato, não teve mais retorno e optou por não fazer outras cobranças. “No ponto, um registro impõe-se: a prestação de contas da campanha de GLEISI HOFFMANN em 2014 foi fraudada perante o Tribunal Superior Eleitoral para escamotear (ocultar e dissimular para fins de lavagem) o recebimento dos valores obtidos pelos atos de corrupção denunciados”, afirma Raquel. Já o sócio de Oliveiros disse que chegou a se reunir com Fernando Migliaccio, da Odebrecht, na sede da empresa em São Paulo na presença do chefe de gabinete de Gleisi, Leones. “Bruno assumiu que Fernando e Leones estavam falando sobre verbas de campanha da senadora Gleisi Hoffmann (fls. 171 e 433). Não se recorda da monta discutida, mas pode dizer que se tratava de muito dinheiro”, diz trecho da denúncia. A Polícia Federal ainda realizou diligências na empresa Hoya, do doleiro Álvaro Novis, usado pela Odebrecht para entregas de dinheiro. As investigações dão conta de que ele se subcontratava a transportadora Transnacional para realizar as entregas de dinheiro. Um funcionário da empresa, quando interrogado pela Lava Jato, reconheceu que fez entregas no endereço da empresa do marqueteiro de Gleisi. Registros da Transnacional obtidos pela força-tarefa revelam que havia registros de entregas para a agência Sotaque naquele ano. Em nota, a senadora repudiou as acusações. “Mais uma vez a Procuradoria Geral da República atua de maneira irresponsável, formalizando denúncias sem provas a partir de delações negociadas com criminosos em troca de benefícios penais e financeiros. O Ministério Público tenta criminalizar ações de governo, citando fatos sem o menor relacionamento, de forma a atingir o PT e seus dirigentes. Além de falsas, as acusações são incongruentes, pois tentam ligar decisões de 2010 a uma campanha eleitoral da senadora Gleisi Hofmann em 2014. A denúncia irresponsável da PGR vem no momento em que o ex-presidente Lula, mesmo preso ilegalmente, lidera todas as pesquisas para ser eleito o próximo presidente pela vontade do povo brasileiro”, disse a nota.


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