Publicado em: 3 de março de 2023 Atualizado:: março 3, 2023
As prisões em flagrante dos cinco policiais envolvidos na morte do adolescente Carlos Eduardo Rebouças Barros, de 17 anos, no bairro São Geraldo, em Pedro Canário, foram convertidas em preventivas na tarde desta quinta-feira (2), após audiência de custódia.
Os nomes dos policiais militares são Leonardo Jordão da Silva, Samuel Barbosa da Silva Souza, Thafny Da Silva Fernandes, Tallisson Santos Teixeira e Wanderson Gonçalves Coutinho.
Os cinco foram ouvidos pelo juiz Getúlio Marcos Pereira Neves. Na decisão, o Ministério Público Militar (MPM) afirma que, neste primeiro momento, tem conhecimento apenas do Auto de Prisão de Flagrante Delito (APFD) e dos vídeos que flagraram o crime.
Segundo o MPM, os acusados usaram o direito ao silêncio, o que não traz prejuízo a eles, porque os fatos serão todos investigados. “Mas, neste momento, para resguardar a investigação e, inclusive, a vida dos indiciados, em virtude da comoção que o caso gerou, o MP entende que há elementos para converter o flagrante em prisão preventiva. Requer, portanto, a conversão do flagrante em prisão preventiva e a instauração do Inquérito Policial Militar (IPM)”.
A defesa dos militares afirmou que, em que pese a repercussão dos fatos, ela nunca foi motivo para decretação de prisão preventiva. “Os fatos serão todos apurados, através do IPM e também da ação penal que, certamente, será instaurada e tramitará no juízo competente”.
Segundo a defesa, que vai pedir a liberdade de todos com aplicação de medida cautelar cabível, trata-se de cinco militares com diversos elogios nas fichas funcionais, como destaque operacional. Havendo inclusive, manifestações contrarias a prisão na localidade de atuação.
“Todos com anos de serviços prestados a sociedade capixaba, não respondem a qualquer processo criminal, tendo assim bons antecedentes e preenchendo os requisitos para responderem em liberdade. Não há qualquer prejuízo ao devido processo legal e eventuais testemunhas, uma vez que a conduta funcional dos acusados demonstra não serem pessoas perigosas”.
Para o juiz, o que aconteceu não está totalmente esclarecido. Ele considerou que a ocorrência atenta contra a garantia da ordem pública, que cabe aos policiais militares assegurar.
Ainda segundo o juiz, neste momento, não há certeza sobre quem atirou no adolescente. Por outro lado, afirma ele, “não há dúvida se tratar de crime militar”.
Crime
Carlos Eduardo Rebouças Barros foi morto por um policial militar por volta das 8h de quarta-feira (1), no município de Pedro Canário. Ao ser morto, o jovem estava desarmado e algemado. Todo o crime foi filmado por uma câmera da região.
Nas imagens, aparecem, pelo menos, três PMs e o adolescente, que está sentado em uma calçada, algemado, em frente a uma casa. Dois policiais estavam dentro da residência. Um deles sai do local, aparentemente, pulando um muro ou portão. O outro permanece em pé, de frente para a vítima.
Em determinado momento, esse PM que saiu da casa faz sinal para que o adolescente se levante e, em seguida, dispara mais de uma vez. A vítima cai morta e o policial ainda aparece arrastando o corpo.
POR MAYA DORIETTO E THAIS ROSSI