Publicado em: 27 de março de 2023 Atualizado:: março 27, 2023
Ao longo dos últimos dias, um personagem importante da cena política baiana voltou a emergir e tentar participar mais ativamente do debate público. Após uma espécie de “retiro” após a derrota no segundo turno das eleições de 2022, ACM Neto tirou um período sabático. Os aliados preferiam não falar diretamente, mas, quem conversou em off, admitiu que o ex-prefeito de Salvador precisava digerir o resultado desfavorável das urnas. Agora, ao que parece, chegou ao fim esse tempo de reclusão.
Desde o dia 30 de outubro, foram raras as aparições públicas ou manifestações de ACM Neto sobre temas locais. Em um dado espaço de tempo, ele chegou a acompanhar as conversas entre o União Brasil e o governo Luiz Inácio Lula da Silva para negociar a composição da base aliada. Foi, segundo quem o conhece, discreto para não atrair holofotes. “Precisava desse tempo”, como explicou um aliado. Ao reaparecer na cena política, deu a senha de que não pretende se afastar do debate.
Os adversários provocaram. Criticaram qualquer tentativa dele emitir comentários. É parte do jogo e quem entende de política considera natural esse processo. Como líder de um grupo com certa robustez, ACM Neto representa uma ameaça iminente para quem tenta manter o poder – que, no caso local, é o PT e seus 20 anos à frente do governo da Bahia. Por isso, para quem está do outro lado, silenciá-lo ou tentar minimizar qualquer fala dele é parte integrante da construção da estratégia de embates. E isso passa também pelo fogo amigo, daqueles que preferem vê-lo enfraquecido para ocupar uma eventual lacuna.
A disputa em Salvador em 2024 é um exemplo disso. Apesar do favoritismo sinalizado pelo levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, em parceira com o Bahia Notícias, na semana passada, Bruno Reis (União) é tratado pelos adversários – e até por alguns pseudo-aliados – como uma peça substituível pelo próprio ACM Neto. É uma jogada que eu dificilmente apostaria, mas há quem garanta que é uma possibilidade palpável, ainda que ninguém do núcleo mais próximo ao ex-prefeito tenha sinalizado. Ou seja, há um esforço em minar a relação entre “criador e criatura” na lógica do dividir para conquistar. Nas rodas de burburinho, é pule de dez que esse tema vai aparecer.
Mesmo que remota, a possibilidade será revisitada agora que ACM Neto voltou a aparecer. A depender dos temas e das estratégias de comunicação utilizadas, ele deve continuar como uma espécie de antagonista da política baiana. Fingir que isso não existe é só a incorporação da visão dos adversários. Aos espectadores, cabe observar atentamente para entender quem o ex-prefeito vai se propor a ser e quem adversários dele tentaram pintá-lo.
Por; Bahianoticias
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