Publicado em: 10 de outubro de 2016 Atualizado:: outubro 10, 2016
Nos últimos dias, o prefeito ACM Neto (DEM) deu pelo menos três sinais de que avalia com carinho o projeto de se candidatar ao governo em 2018. O primeiro deles foi no dia em que as urnas confirmaram a sua reeleição, no domingo passado. No pronunciamento em que comemorou a vitória, Neto fez questão de atribuir a derrota das oposições ao governador Rui Costa (PT), como a assinalar que quer enfrentá-lo. Em seguida, excluiu o vice eleito, Bruno Reis (PMDB), do rol de seus secretariáveis. Para o peemedebista, que é também seu amigo pessoal, o prefeito delegou a função estratégica mais importante de seu governo.
Ao invés de ficar preso a uma pasta, Bruno vai, conforme o combinado com o prefeito, fazer uma imersão na administração, trabalhando diretamente ao lado dele, de forma a se assenhorar de todas as nuances do governo como forma de preparar-se para sucedê-lo daqui a dois anos. Mas Bruno terá ainda duas outras atribuições: cuidar da relação de Neto com o governo federal, por intermédio do ministro Geddel Vieira Lima (Articulação Política), com o aval de quem se tornou vice na chapa do prefeito, e liderar as articulações políticas do democrata tanto na Câmara Municipal quanto com vistas à sucessão estadual.
O terceiro sinal inequívoco do prefeito de que, assim como programou sua sucessão nos mínimos detalhes, busca criar o contexto ideal para renunciar à Prefeitura e poder concorrer ao governo estadual deixando-a sob um cenário seguro é a sua decisão de que, desta vez, vai participar ativamente da sucessão à presidência da Câmara Municipal de Salvador. Nas eleições anteriores da mesa da Casa, Neto buscou manter-se relativamente equidistante da disputa em que concorreram aliados seus sob o argumento republicano de que respeitava a autonomia do Legislativo.
A existência do projeto 2018, no entanto, não lhe permite agora tamanha, digamos, veleidade. O prefeito sabe que precisa de um aliado no comando da Câmara, neste interregno que leva até a sua decisão fatal de concorrer ao governo do Estado, tão fiel quanto o seu vice. O que ele menos espera é ter que enfrentar qualquer tipo de tensão deliberada do Legislativo no momento em que se prepara para se desligar de suas tarefas no Executivo para enfrentar talvez o maior desafio de sua carreira política, depois da sucessão de 2012, quando ganhou a Prefeitura, embora as condições gerais possam lhe ser infinitamente mais favoráveis do que naquele momento.
Além disso, o presidente da Câmara, com a vacância do prefeito, passa a ser o segundo na linha sucessória, depois do vice, o que significa que Neto, Bruno e quem vier a presidi-la precisarão estar afinadíssimos com relação aos próximos passos políticos e estratégicos do grupo de forma a não permitir que os planos saiam do controle e possam ser confrontados por adversidades desnecessárias. É fato que a dia de hoje o prefeito ainda não tem preferência em relação aos cinco aliados que já se colocaram na disputa. Mas para conquistar seu apoio, o candidato a presidente terá que mostrar seu valor para o novo objetivo do prefeito.
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