Publicado em: 17 de fevereiro de 2025 Atualizado:: fevereiro 17, 2025
Integrantes da equipe econômica pregam cautela após pesquisa Datafolha mostrar queda acentuada na aprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O diagnóstico é que é preciso evitar “intervenções desastradas” e medidas contraproducentes, que poderiam piorar as incertezas e impulsionar novamente a taxa de câmbio, na contramão do esforço de combate à inflação —fator decisivo na sensação de bem-estar da população.
A Folha de S.Paulo ouviu técnicos e autoridades das pastas econômicas e do Palácio do Planalto. Os interlocutores reconhecem nos bastidores que os resultados podem gerar algum tipo de pressão política por ações mais contundentes, mas avaliam que seria um problema o governo concluir que precisa dar um “cavalo de pau” para melhorar sua popularidade.
No mercado financeiro, antes da nova pesquisa Datafolha, já havia se instaurado o temor de que, com 2026 no horizonte, o governo Lula passasse a adotar medidas eleitoreiras, sobretudo com elevação de despesas e flexibilização ou drible a limites fiscais.
Técnicos e autoridades da área econômica são enfáticos sobre a ausência de espaço para ampliação de gastos, mesmo após a perda de popularidade apontada pelo levantamento.
Por outro lado, apostam no projeto que amplia a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 como uma forma de reduzir o mal-estar, principalmente na classe média. O projeto está sendo finalizado e deve vir acompanhado de medidas para taxar os mais ricos, para compensar a perda de arrecadação.
Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14) mostra que a aprovação de Lula desabou em dois meses, de 35% para 24%, um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% para 41%. Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema.
A piora na avaliação da gestão ocorre em meio à alta de preços dos alimentos, que pesa no bolso dos consumidores, sobretudo os de baixa renda. Os resultados também vêm na esteira da crise do Pix nas primeiras semanas do ano, quando a Receita Federal editou uma norma que buscava aprimorar a fiscalização sobre transações financeiras.
A medida foi usada pela oposição para disseminar a fake news de que o Pix seria taxado. Mesmo com o desmentido, o governo foi forçado a recuar da medida.
Um técnico do governo reconhece que é sofrido ver a piora na trajetória de aprovação da gestão, mas acredita haver consciência dentro do Executivo de que é preciso “segurar a onda” para não produzir mais instabilidade.
A lição veio da própria situação sobre o preço dos alimentos. Segundo esse interlocutor, o governo penou para entender que não havia bala de prata para resolver o problema.
Fonte: Bahianoticias
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