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30 anos depois, presidência da Câmara pode voltar à Bahia, por Raul Monteiro

Publicado em: 22 de fevereiro de 2024 Atualizado:: fevereiro 22, 2024

Quase 30 anos depois de ter sido exercida por um baiano, o saudoso ex-deputado Luis Eduardo Magalhães, falecido precocemente aos 43 anos, no momento em que despontava como uma liderança política nacional e anunciara o projeto de concorrer ao governo da Bahia, a presidência da Câmara dos Deputados volta a cruzar o caminho de dois parlamentares do Estado. Os deputados Elmar Nascimento, do União Brasil, e Antonio Brito, do PSD, cada um ao modo que seus estilos impõem, estão engajados em suas respectivas campanhas para conquistar aquele que, na prática, é o segundo posto mais importante da República depois da Presidência.

A eleição ocorre apenas em fevereiro de 2025, mas o movimento de ambos e as articulações com que acreditam que poderão chegar à posição já haviam sido deflagrados desde o ano passado, embora tenham ganho um impulso extra neste Carnaval, quando ambos passaram ou a atrair para a festa vários colegas, caso de Elmar, ou a aproveitar a passagem deles por Salvador para campanhar, como fez Brito. Embora a disputa não se restrinja aos dois, já que também se colocam como opções para a sucessão do deputado Arthur Lira (PP-AL) Marcos Pereira (Republicanos-ES) e Altineu Cortes (PL-SP), é difícil dizer que a escolha não passará pela Bahia.

Um dos diferenciais dos baianos no tabuleiro é a qualidade dos respectivos padrinhos. Elmar se apresenta como candidato do próprio Lira, indiscutivelmente uma das figuras mais poderosas do país exatamente por causa do cargo que ocupa, e tem recebido dele incentivos expressos para que trabalhe a fim de se manter forte na disputa. Já Brito tem o apoio de Gilberto Kassab, que acumula o título de um dos políticos mais hábeis do país com a presidência nacional do PSD, um partido extremamente importante para o governo na difícil correlação de forças em que a base se escora hoje no Congresso.

Mas Elmar enfrentaria um desafio diferente do de Brito. Embora seu partido e suas ligações com Lira apontem no sentido de que pode se constituir num polo de tensão com o governo, assumindo uma postura independente que atrairia os colegas num momento em que, muito justificadamente, o Executivo e setores da sociedade civil passam a questionar as novas regalias com as emendas parlamentares obtidas ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL-SP), a movimentação que seu partido realiza para entregar a presidência do Senado ao correligionário David Alcolumbre (União Brasil-AC) pode minar seu planos para a Câmara.

Afinal, por melhores que sejam hoje suas relações com o PT baiano – corre à boca pequena que ele resolveu entrar na campanha para eleger o petista Rosemberg Pinto à presidência da Assembleia Legislativa-, o que elimina o que poderia ser um empecilho ao seu projeto, não deve interessar ao presidente Lula ver o comando do Congresso entregue a um partido que tem entre seus líderes nomes como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, virtual candidato à sucessão presidencial de 2026, e o ex-prefeito de Salvador ACM Neto. São, sem dúvida, brechas que não devem escapar a uma figura carismática como Brito, considerado imbatível na comunicação interpessoal.

*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna da Bahia.

Por: Raul Monteiro*


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