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Caso Davi Fiuza: Saiba como foi a abordagem policial que levou o jovem a desaparecer

Publicado em: 10 de setembro de 2018 Atualizado:: setembro 10, 2018

Ajoelhado, com as mãos na cabeça e dentro de uma viatura policial. Esta foi a última imagem vista de Davi Fiuza, na manhã do dia 24 de outubro de 2014. O relato dos últimos momentos de que se tem notícia do adolescente, na época com 16 anos, consta na denúncia feita pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra sete policiais militares acusados de sequestro e cárcere privado do jovem (leia aqui). 

Quem narrou tudo à Polícia Civil foi uma testemunha cujo depoimento foi chave para solucionar questões nebulosas nas investigações sobre o que aconteceu com Davi. Atualmente, ela faz parte do programa de proteção a vítimas e testemunhas e, por isso, seu nome não pode ser citado. Em seu primeiro depoimento à polícia, ocorrido em 17 de novembro de 2014, ela contou que foi até a porta de casa para buscar uma enxada emprestada nas mãos de uma vizinha. Neste momento, viu Davi em um barranco elevado que fica atrás de sua casa. O adolescente perguntou se havia alguém no portão da parte de baixo da residência. Ela respondeu que não, o que fez com que Davi se aproximasse.

Logo depois, segundo o depoimento, alguns policiais à paisana surgiram na Rua São Jorge de Baixo, onde Davi veio a desaparecer momentos depois, enquanto outros policiais fardados percorriam o caminho feito pela vítima, vindos das travessas Pitangueiras e Vitória Régia. Segundo a testemunha, ali já era possível perceber que o jovem estava sendo perseguido.  

“Na beira da casa, apareceram alguns policiais à paisana, que abordaram a pessoa de Davi e desceram os degraus que existem no local com o mesmo, sendo que alguns policiais que estavam na parte de cima, estes estavam fardados, ficaram em pé no portão da casa da ora declarante”, diz trecho do depoimento.

Logo em seguida, Davi foi abordado pelos PMs descaracterizados. Estava vestido apenas com uma bermuda preta e calçava um par de sandálias. Foi colocado de joelhos, próximo a um veículo de cor azul e branca. Com medo da própria integridade física, a testemunha evitou olhar diretamente para os policiais. Para não acompanhar tudo e se preservar, saiu de onde estava e foi buscar a enxada. Quando retornava para casa, viu o carro azul e branco passar, e os policiais fardados retornarem à Travessa de Cima a pé, sem que Davi estivesse com eles. Neste veículo, viu o adolescente pela última vez. 

“Este estava com a mão na cabeça, de joelhos, sem oferecer qualquer resistência, no fundo do carro de cor azul e branca, e um rapaz sem farda conversando com ele”, diz trecho do depoimento contido na denúncia.

A testemunha ainda voltou a prestar depoimento, desta vez em 1º fevereiro de 2016, onde reafirmou o que tinha dito anteriormente. 

INVESTIGAÇÕES
Além do depoimento, os policiais fizeram também perícia no GPS das viaturas e nos rádios usados por eles para comunicação. No exame dos aparelhos, descobriram que a descrição dos fatos feita pela testemunha batia com o resultado da perícia. 

 

Três viaturas foram usadas na abordagem que culminou no desaparecimento de Davi. O aparelho de rádio de um dos PMs foi desligado por volta das 9h e só foi ativado novamente às 16h54, em Mussurunga. 

Em depoimento, os policiais negaram participação no crime. Alegaram que souberam do desaparecimento apenas pela imprensa. No entanto, as versões dadas por eles foram apontadas como contraditórias. Alguns negaram participação no Serviço de Missões Especiais (SME), apesar de, na escala do dia em que tudo aconteceu, constar o nome deles. 

Em depoimento, o PM Isac Ramos Alves, contradisse a versão de outros agentes e afirmou ter “certeza” que a SME participou da incursão, porque os integrantes dela estavam atrelados ao final das operações das outras guarnições. 

“As guarnições partiram da 49ª CIPM com o objetivo de aplicar, em incursões em comunidades, todo o conhecimento técnico adquirido durante a semana do curso de nivelamento do PETO”, concluiu o MP.

Diante dos indícios, os sete PMs foram denunciados por sequestro e cárcere privado. Agora, o Ministério Público quer apurar qual o paradeiro de Davi (veja aqui). Como o GPS das viaturas foi desligado, o desafio é saber se o adolescente foi assassinado e onde está o corpo. Por: Bahianoticias


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