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Após reconstituição, delegado continua refutando que bebê caiu do carro; perito afirma que não foi acidente

Publicado em: 30 de novembro de 2016 Atualizado:: novembro 30, 2016

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A reprodução simulada que durou quatro horas e meia, foi realizada com a presença dos país e envolveu policiais de Prado, Itamaraju e Teixeira de Freitas

Como havia prometido o delegado Júlio César Telles, titular da Polícia Civil do Prado, no fim da tarde e início da noite desta terça-feira, dia 29 de novembro, aconteceu na estrada vicinal que dá acesso à Praia da Paixão, no litoral norte do município, a reprodução simulada do caso do bebê Pedro Silva Carneiro, de 9 meses, que morreu ao supostamente cair do banco traseiro da caminhonete do pais, caso ocorrido no último dia 29 de outubro.

Os pais da criança, Jorge Mendes Carneiro Júnior, de 41 anos e a sua esposa, Erisângela Santos Silva, 38, foram presos no dia 9 de novembro, em Itamaraju, por força de um mandado de prisão temporária decretado pelo juiz Leonardo Santos Vieira Coelho, da comarca de Prado, que atendeu uma representação do delegado Júlio César Teles, presidente do inquérito policial que apura a morte do bebê.

Na tarde de sábado do último dia 29 de outubro, o casal apresentou à Unidade de Pronto Atendimento da cidade de Prado (UPA), o corpo do filho, alegando que ele havia caído da porta traseira da Toyota Hilux, após a criança ter destravado o cinto do “bebê conforto” e depois aberto a porta traseira da caminhonete mesmo contra o vento, quando a família retornava da Praia da Paixão.

A reprodução simulada ocorrida nesta terça-feira, dia 29, no mesmo local onde teria ocorrido o acidente, contou com a participação dos pais e foi usada a mesma Toyota Hilux que era dirigida por Jorge Mendes Carneiro Junior, de 41 anos, no dia em que a criança morreu. Os trabalhos duraram quatro horas e meia e foram presididos pelo perito criminal Bruno Mello, do Departamento de Polícia Técnica de Teixeira de Freitas.

Logo após o término da reprodução simulada, que também contou com a participação de testemunhas, o delegado Júlio César Telles, mais uma vez, refutou a informação de acidente, afirmando que a versão dada pelos pais não condiz com a realidade. “Os trabalhos serviram para esclarecer o que desde o começo nós já sabíamos. Ficou bem claro na reprodução simulada que a versão de queda está totalmente descartada”, disse Telles, adiantando que vai concluir o inquérito e remetê-lo ao Judiciário.

A versão inicial do perito criminal Bruno Mello, que coordenou os trabalhos nesta terça-feira, dia 29, também descarta na sua opinião, qualquer possibilidade de queda do bebê. “Uma criança de nove meses não tem toda essa habilidade de abrir o cinto de uma cadeirinha, destravar o cinto de segurança e depois acionar a maçaneta do carro pra cair”, afirmou.

Já o advogado criminalista Gean Prates, defensor do casal, fez outras alegações, afirmando que os seus clientes, não agrediram o bebê, mas também deixou a entender que a alegação de queda não deverá ser mantida pela defesa. “Houve sim uma negligência e eles [pais], num instinto de proteção, para se protegerem, criaram uma “estória” que não condiz com a realidade. Na próxima oportunidade que eles forem interrogados, vão contar o que realmente aconteceu”, disse.

O prazo da prisão temporária de Jorge Mendes Carneiro Júnior, de 41 anos e Erisângela Santos Silva, 38, vence no próximo dia 9 de dezembro e até essa data o delegado Júlio César Telles diz que pretende concluir o inquérito. “Nós temos elementos de provas que vão derrubar essa tese [acidente]. Não posso revelar agora, mas ao final do inquérito, qualquer um vai saber que não houve uma queda”, falou, não descartando a possibilidade de solicitar à Justiça a prorrogação da prisão preventiva do casal ou até a prisão preventiva. “Posso não representar, bem como posso solicitar a prorrogação da temporária ou até da prisão preventiva. São as opções que eu tenho, mas quem vai decidir é o Juiz [Leonardo Coelho], com a oitiva do Ministério Público”, adiantou.

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O caso e as investigações

O delegado Júlio César Telles, que investiga o caso, informa que após detectar uma série de contradições entre as alegações dos pais do bebê, passou a ouvir pessoas que acompanharam o procedimento de atendimento da criança, que chegou à UPA já em óbito. Uma testemunha na Praia da Paixão viu quando o casal embarcou no final da tarde para ir embora e a mãe teria ajoelhado para afivelar a criança no “Bebê Conforto” bem no meio da poltrona traseira.

Logo, o delegado detectou algumas coincidências que não coincidiam com o depoimento do casal. Para ele, não seria possível um bebê de apenas 9 meses, destravar-se da cadeirinha e empurrar a porta de uma caminhonete contra o vento para pular do veículo. Outro fato que intrigou o delegado Júlio Teles foi o resultado do laudo médico legal, que não constatou nenhum arranhão ou qualquer outra escoriação em nenhuma parte do corpo do bebê, o que na sua opinião, descaracterizou totalmente que ele tenha caído da caminhonete.

Contudo, os laudos de medicina legal descreveram que a criança morreu por violento traumatismo crânio-encefálico, após receber sequentes pancadas unicamente na cabeça, ao ponto de coagular todo o seu cérebro. Dando conta, que a criança sofreu um violento ataque na cabeça causado por agressão física externa. “Portanto, a lesão interna que causou a morte da criança é incompatível para quem tenha caído de um veículo em movimento”, disse Telles.

A mãe da vítima, Erisângela Santos Silva, 38 anos, é natural de Itamaraju e filha de uma família tradicional da cidade. Já o pai da vítima, o representante comercial Jorge Mendes Carneiro Junior, 41 anos, é natural de Brasília-DF., e atualmente residia com a mulher e o filho na cidade de São Félix do Coribe, na região do extremo oeste da Bahia.

A contribuição dos policiais civis da Delegacia da cidade de São Félix do Coribe, foi essencial para o delegado conhecer o comportamento dos pais e promover as ligações dos fatos. Na madrugada de domingo do dia 28 de agosto, um fato parecido havia ocorrido no interior da casa do casal em São Félix do Coribe. Jorge teria arremessado o seu próprio filho, na época com 7 meses de idade, contra a sua esposa após uma briga do casal motivada pela descoberta de uma traição do marido, resultando no atendimento do bebê numa unidade hospitalar daquela região.

Na época ela relatou tais fatos à Polícia Civil e pediu proteção para as autoridades com medo que o marido fizesse algo de mais violento com ela ou com algum familiar seu, como lhe jurava, caso ela o denunciasse à polícia.

O objetivo em manter o casal preso durante 30 dias, de acordo com o delegado Júlio Telles, foi para que as apurações ocorressem sem sofrer nenhuma influência dos dois, que em nenhum momento teriam demonstrado sentimento real pela perda do filho e sim, a constante preocupação com os resultados das investigações. Após ter sido preso em Itamaraju, o casal acabou sendo recambiado para a custódia da Polícia Civil na sede da 8ª Coorpin de Teixeira de Freitas. (Da redação TN)


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